Paula Galante
A vida do salmão inclui a expressão popular “nadar contra a correnteza”. Depois de viver por anos no mar, esse peixe nada instintivamente contra a correnteza para chegar ao lugar onde nasceu, a fim de procriar e cumprir o ciclo da vida. Pouquíssimos deles sobrevivem a essa difícil missão, alguns morrem na travessia e outros, quando chegam ao destino.
Um dos versículos bíblicos que muito me chamam a atenção é Êxodo 23:2: “Não siga a multidão quando ela faz o que é errado, não deixe que a opinião popular o impeça de testemunhar sobre uma causa se o efeito for a perversão da justiça”. Fico pensando no bombardeio que as famílias têm sofrido com assuntos como “ideologia de gênero”, “perversão sexual”, tantos temas inimagináveis há poucos anos atrás, e que se tornaram, não apenas debates acalorados, mas, projetos de lei que nos obrigam aceitar. Como deveríamos “nadar contra a correnteza” e nos posicionarmos ante essas questões da sociedade? Segundo o versículo mencionado, como poderíamos agir contra a injustiça?
Eu tenho um tio cujo um dos maiores prazeres é a leitura. Ao visita-lo nestes dias, me contava da admiração pelo livro “Eu acuso”, escrito por Emile Zola, filósofo francês. Trata-se da acusação de traição sofrida pelo capitão Deyfrus, condenado ao exílio na Ilha do Diabo. O capitão era judeu, em meio a um contexto francês de antissemitismo, em meados do século 19. Se hoje batalhamos contra descriminação, imagina naquele tempo! O escritor e filósofo Zola lutou por doze anos, com todas as forças, contra o sistema vigente, sendo ameaçado e perseguido. Tornou-se uma voz que clamava por justiça em favor da inocência do Capitão Dreyfus, exigindo que fosse reparado o erro cometido. Como consequência, o mundo da época começou a ver que os judeus só teriam paz e segurança em sua própria terra, desencadeando, mais tarde, o reconhecimento de Israel como nação.
Interessante observar a obstinação de um filósofo, não se conformando com a injustiça, fazendo dessa luta um objetivo de vida. A Palavra de Deus nos ensina a não nos conformarmos com este século, mas transformar a nossa mente de tal forma que entendamos a sua boa, agradável e perfeita vontade. “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que proveis qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” Romanos 12:2. Precisamos assumir posições como Zola, transformando causas justas em objetivo de vida, sem nos calarmos diante de injustiças, sem aceitarmos leis ou práticas abusivas, absurdas.
Deus, com todo seu poder e criatividade, formou os peixes. Para mim, o salmão é o mais saboroso de todos, e ainda me ensina uma lição de vida. Me ensina com seu instinto de procriação, vencendo as correntezas contrárias para dar continuidade à vida. Com o salmão, Deus nos ensina como devemos nos posicionar diante de um mundo que jaz no maligno. Devemos brilhar como luzeiros, proclamando agora, não apenas em favor de uma só pessoa, mas de tudo o que fere o Espírito Santo, a nossa fé e os princípios e alicerces da Bíblia, resistindo e perseverando, mesmo que custe a nossa própria vida. Se assim o fizermos, seremos renovados e fortalecidos dia a dia.
Somos chamados a proclamar que o Reino de Deus é chegado; um reino perfeito, de justiça e amor. Assim como a criação se submete em obediência a esse reino e às leis da natureza, eu e você devemos nos posicionar, por livre e espontânea vontade, glorificando a Deus ao servi-lo.
Vamos nadar contra a correnteza desta sociedade cheia de ideologias contrárias ao governo e valores de Deus. Como aqueles poucos salmões que alcançam o objetivo, chegaremos ao nosso destino final, achados pelo Nosso Senhor em Sua vinda, justos e irrepreensíveis.
“Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;“ Mateus 6:10